A seca severa que atualmente afeta o Pantanal pode se expandir para outras regiões de Mato Grosso do Sul. De acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec/MS), a ausência de chuvas em diversas áreas do estado é um forte indicativo dessa expansão.
Condições Climáticas Preocupantes
Desde março até maio deste ano, a região norte do estado passou de uma condição de seca fraca e moderada para uma seca grave, atingindo o Pantanal em junho. A alta temperatura, combinada com uma umidade relativa do ar de 31%, está exacerbando as condições climáticas, dificultando o trabalho das equipes de combate aos incêndios florestais.
Segundo Vinícius Banda Sperling, meteorologista do Cemtec-MS, a previsão é que a seca grave que se iniciou no norte do estado se espalhe para outras áreas nos próximos meses. “Observando a cronologia das condições de seca no estado, destaca-se que essas condições se estabeleceram durante o período de chuvas, e recentemente houve uma mudança significativa no monitor de secas em junho de 2024,” explicou Sperling.
Impacto das Massas de Ar
Sperling também destacou a influência das massas de ar seco e quente que, quando bloqueadas, se transformam em massas de ar quente e seco, permanecendo por longos períodos. Esse fenômeno tem sido observado ao longo de vários meses deste ano e no ano passado, exacerbando as ondas de calor no estado.
Prognóstico Global e Local
Os organismos internacionais de monitoramento climático, como a Agência Norte-Americana para os Oceanos e o Clima (NOAA), reforçam o prognóstico crítico para Mato Grosso do Sul. O relatório da NOAA indica que o primeiro semestre de 2024 foi o mais quente já registrado globalmente, com temperaturas 1,29°C acima da média do século XX. Especificamente para Mato Grosso do Sul e Paraguai, as temperaturas ficaram entre 1,5°C e 2,0°C acima da média.
Previsão de Chuvas e Impacto no Bioma Pantanal
A previsão do Cemtec para a próxima semana em Mato Grosso do Sul não indica chuvas significativas, exceto por um pequeno período entre 26 de julho e 3 de agosto, com possíveis precipitações entre 5-35 mm. Corumbá, uma das áreas mais afetadas, enfrenta 90 dias sem chuvas significativas desde meados de abril.
Desafios no Combate a Incêndios
Mesmo após a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmar que 96% dos incêndios no Pantanal foram controlados, a seca contínua e as condições climáticas desfavoráveis preocupam as equipes de combate. Seis focos de incêndio ativos foram recentemente detectados por satélite em diversas áreas do Pantanal e Cerrado.
A previsão para os próximos meses no Pantanal é sombria, com chuvas esperadas apenas a partir de outubro. A baixa umidade e os ventos intensos aumentam o risco de novos incêndios. A alta temperatura, combinada com a baixa umidade, provoca um desgaste físico significativo nas equipes de combate, dificultando ainda mais as operações.
Expectativas para Agosto
O mês de agosto deverá continuar com tempo quente e seco, com temperaturas acima do normal para o período. Assim como em julho, não se descarta a entrada de massas de ar frio em determinados dias do mês. A tendência climática indica que as chuvas ficarão abaixo da média histórica para o estado, com precipitações variando entre 25 a 100 mm no norte do estado e entre 150 a 300 mm nas regiões sul, sudeste e sudoeste.