O Pantanal, um dos mais importantes biomas do Brasil, está enfrentando um aumento alarmante nos incêndios em 2024. Este ano já registra o segundo maior índice de queimadas desde 2010, ficando atrás apenas de 2020, quando 26% do bioma foi destruído pelo fogo. A maior parte dos incêndios está concentrada em Mato Grosso do Sul.
Aumento Drástico nos Incêndios
O Pantanal passa por dois períodos distintos: o das águas e o das chamas. Em 2024, a temporada de incêndios, que normalmente começa em julho, teve início antecipado e com intensidade. Nos primeiros seis meses do ano, os focos de incêndio em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso aumentaram 1025% em comparação com o mesmo período de 2023. A bacia do rio Paraguai, crucial para o bioma, também registra uma seca histórica, com níveis de água mais de 2 metros abaixo da média.
Em Mato Grosso do Sul, que abriga 60% do Pantanal brasileiro, foram contabilizados 698 focos de incêndio entre janeiro e junho de 2024, comparados a 62 no mesmo período do ano anterior. Em Mato Grosso, onde está 40% do bioma, houve 495 focos em 2024, contra 44 em 2023. No total, os dois estados registraram:
- 2024: 1193 focos de incêndio entre 1º de janeiro e 7 de junho.
- 2023: 106 focos de incêndio no mesmo período.
Esses dados são do Programa de BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em 2024, o Pantanal já tem o segundo maior índice de incêndios dos últimos 14 anos, superado apenas por 2020, quando o fogo destruiu cerca de 4 milhões de hectares.
Impacto dos Incêndios
Os especialistas destacam que a temporada de incêndios no Pantanal, que normalmente ocorre entre julho e agosto, pode durar até seis meses. Contudo, em 2024, tanto os incêndios quanto a seca chegaram mais cedo.
Em Corumbá, uma das principais cidades do Pantanal sul-mato-grossense, a falta de chuva persiste por mais de 50 dias. Essa condição, combinada com incêndios florestais e baixa umidade, tem gerado uma densa fumaça que cobre a cidade. Na última semana, devido ao risco de aproximação do fogo e à intensa nuvem de fumaça, crianças de uma escola ribeirinha tiveram que ser evacuadas, resultando na suspensão das aulas por 10 dias.
O Corpo de Bombeiros, que iniciou a Operação Pantanal em abril, informou que, no último dia 4, equipes conseguiram conter incêndios em três parques estaduais: Pantanal do Rio Negro (Pantanal), Nascentes do Taquari (Cerrado) e Várzeas do Rio Ivinhema (Mata Atlântica). Uma aeronave do governo estadual está sendo utilizada para identificar e combater os focos de incêndio.
Seca na Bacia do Rio Paraguai
A seca prolongada também está afetando a principal bacia hidrográfica do bioma, o Rio Paraguai, que cobre 48% do estado de Mato Grosso e 52% de Mato Grosso do Sul. De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), o nível do rio em Ladário, cidade vizinha a Corumbá, tem mostrado quedas ou estabilidade nas medições há cerca de um mês.
A média histórica do nível do rio em Ladário para esta época do ano é de 3,85 metros. Na última sexta-feira (7), a régua marcava apenas 1,38 metros, mostrando que o rio Paraguai está 2,47 metros abaixo do esperado. Marcus Suassuna, pesquisador em Geociências do SGB, explica que o baixo nível do rio é consequência do prolongado período seco de 2023 e das poucas chuvas em 2024.
A situação no Pantanal exige atenção urgente e medidas eficazes para mitigar os impactos ambientais e proteger um dos ecossistemas mais valiosos e vulneráveis do Brasil.