Durante a 64ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, realizada nesta segunda-feira (8), no Paraguai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez declarações indiretas ao presidente argentino, Javier Milei. Lula criticou o “nacionalismo arcaico e isolacionista”, uma referência clara às posturas de Milei, que tem ameaçado deixar o bloco comercial e não compareceu ao evento.
A Critica de Lula
Em seu discurso, Lula defendeu o papel do estado no planejamento e indução do desenvolvimento econômico e social na América Latina. Ele argumentou que, em um mundo globalizado, recorrer ao nacionalismo extremo e ao isolacionismo não faz sentido.
“Quem conhece a história da América Latina reconhece o valor do estado como planejador e indutor do desenvolvimento. No mundo globalizado não faz sentido recorrer ao nacionalismo arcaico e isolacionista”, afirmou Lula. “Tampouco há justificativa para resgatar as experiências ultraliberais que apenas agravaram as desigualdades em nossa região”, completou.
Milei no Brasil e a Ausência na Cúpula
O presidente argentino, Javier Milei, foi o único chefe de Estado do Mercosul ausente na cúpula. Milei esteve no Brasil no fim de semana para participar da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) 2024, em Balneário Camboriú, onde se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL). No evento, Bolsonaro presenteou Milei com a famosa medalha “3 Is”, que significa “imbrochável, imorrível e incomível”.
Tensões e Acusações
A ausência de Milei na cúpula do Mercosul não foi uma surpresa, dado o histórico de tensões entre ele e Lula. Durante sua campanha eleitoral, Milei ameaçou diversas vezes retirar a Argentina do Mercosul e chamou Lula de “corrupto” e “presidiário comunista”. Recentemente, Lula cobrou um pedido de desculpas de Milei, mas o presidente argentino se recusou a se retratar, questionando: “Qual é o problema que o chamei de corrupto? Por acaso ele não foi preso por isso? E o que eu disse… Comunista? Por acaso não é comunista?”
O Futuro do Mercosul
As divergências entre os dois líderes refletem as tensões mais amplas dentro do Mercosul, onde visões políticas e econômicas distintas colocam em risco a coesão e a eficácia do bloco. A ausência de Milei na cúpula e suas ameaças de saída podem sinalizar desafios futuros para a integração regional.
Conclusão
A cúpula do Mercosul deste ano destacou as divergências políticas e econômicas dentro do bloco. As críticas de Lula ao “nacionalismo arcaico e isolacionista” e a ausência de Milei indicam uma crescente polarização. A capacidade do Mercosul de navegar por essas tensões será crucial para seu futuro e para a integração econômica da América Latina.