Nesta quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reunirá para decidir se interromperá o ciclo de cortes da taxa básica de juros, a Selic, ou se fará uma última redução de 0,25 ponto percentual. Atualmente, a Selic está em 10,5% ao ano, e a recente alta do dólar, juntamente com a inflação e os juros altos nos Estados Unidos, trouxe incerteza quanto à continuidade dos cortes que começaram em agosto do ano passado.
Cenário Atual e Expectativas do Mercado
Nos comunicados da última reunião, em maio, o Copom não deixou claro suas intenções para os encontros seguintes. Segundo a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a taxa básica deve permanecer em 10,5% ao ano até o fim de 2024, embora há um mês a expectativa fosse de que a Selic encerrasse o ano em 10%.
Histórico de Decisões e Contexto Econômico
Desde o início do ciclo de cortes, a Selic foi reduzida em sete reuniões consecutivas, com seis cortes de 0,5 ponto percentual e um corte de 0,25 ponto percentual na última reunião, em maio. Na ata da reunião mais recente, o Copom destacou a alta nas expectativas de inflação, e a divisão entre os diretores do Banco Central não foi motivada por questões políticas, mas pelo comprometimento com as diretrizes estabelecidas anteriormente.
Divisão entre Membros do Copom
Na última reunião, os diretores Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes, indicados pelo governo anterior, votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual. Por outro lado, os membros indicados pelo atual governo, Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira, votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, também indicado pelo governo anterior, desempatou a votação decidindo pelo corte de 0,25 ponto.
Expectativas de Inflação
De acordo com o boletim Focus, a estimativa de inflação para 2024 subiu de 3,8% para 3,96% nas últimas quatro semanas. Isso coloca a inflação cada vez mais próxima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, podendo chegar a 4,5% devido ao intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Impacto de Fatores Recentes
Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu para 0,46%, impulsionado pelos preços dos alimentos após as enchentes no Rio Grande do Sul. Com esse resultado, o IPCA acumula uma alta de 3,93% em 12 meses, dentro da meta para 2024.
Importância da Taxa Selic
A Selic é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e serve de referência para as demais taxas da economia. O BC utiliza a Selic como principal instrumento para manter a inflação sob controle, realizando operações de mercado aberto para ajustar a taxa de juros.
Quando o Copom aumenta a Selic, a intenção é conter a demanda aquecida, o que reflete nos preços, tornando o crédito mais caro e estimulando a poupança. Taxas mais altas podem dificultar a expansão econômica, enquanto a redução da Selic tende a baratear o crédito, incentivando a produção e o consumo.
Processo de Decisão do Copom
O Copom se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
Metas de Inflação
Para 2024, a meta de inflação é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para 2025 e 2026, as metas são as mesmas, com o mesmo intervalo de tolerância.
No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de março, o Banco Central manteve a previsão de que o IPCA termine 2024 em 3,5%. No entanto, essa estimativa foi feita antes da recente alta do dólar e das enchentes no Rio Grande do Sul. O próximo relatório será divulgado no fim de junho.