O município de Douradina, localizado a 191 km de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, está vivenciando uma escalada de tensão devido ao conflito fundiário entre indígenas guarani kaiowá e fazendeiros. Este confronto, que se intensificou desde o dia 13 de julho, envolve disputas pela terra denominada Panambi-Lagoa Rica, reconhecida pela União como território ancestral dos povos indígenas.
Contexto do Conflito
A área de Panambi-Lagoa Rica foi delimitada em 2011 como terra ancestral dos guarani kaiowá, mas permanece sem demarcação definitiva devido a ações judiciais que impedem o progresso do processo. Os fazendeiros, por outro lado, reivindicam a propriedade legal das terras, utilizadas para a produção de commodities agrícolas.
Escalada da Tensão
Neste sábado (20), relatos de ambos os lados indicam um aumento significativo da tensão. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os indígenas que acamparam na área reivindicada estão sendo ameaçados por supostos capangas armados. O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) confirmou que dois indígenas foram feridos por munição de borracha durante os confrontos recentes.
Intervenção das Autoridades
A Polícia Militar, Polícia Federal, representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), militares da Força Nacional e promotores do Ministério Público Federal (MPF) estão presentes no local para garantir a segurança e buscar uma solução pacífica para o conflito. Um helicóptero da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) foi enviado para sobrevoar a área e monitorar a situação.
Tentativas de Mediação
Uma reunião de conciliação foi marcada para segunda-feira (22) na sede do MPF em Dourados. O objetivo principal, segundo o secretário da Sejusp, Antônio Carlos Videira, é evitar confrontos e mediar uma transição pacífica para uma possível desocupação da área.
Participação Política
Deputados federais e estaduais, como Marcos Pollon (PL-MS) e Gleice Jane (PT-MS), estão presentes no local tentando mediar a situação. A coordenadora geral do departamento de mediação e conciliação de conflitos fundiários do MPI, Daniela Alarcon, também está no local para garantir a segurança e prevenir novos confrontos.
Impacto do Conflito
Na sexta-feira (19) e no sábado, foram registrados focos de incêndio na área de Panambi-Lagoa Rica. A autoria dos incêndios ainda não foi determinada, mas a situação foi controlada ao longo do dia. A Funai confirmou que um indígena foi baleado na perna e levado para o hospital em Dourados.
Reações das Instituições
A Defensoria Pública da União (DPU) expressou preocupação com o caso e acionou o Conselho Nacional de Direitos Humanos para acompanhamento. A defensora Daniele Osório destacou a preocupação com a vida e a integridade física das pessoas envolvidas no conflito.
Conclusão
O conflito fundiário em Douradina reflete a complexidade e a urgência de resolver disputas territoriais no Brasil. Com a presença de forças de segurança e autoridades buscando uma solução pacífica, a esperança é que um acordo justo possa ser alcançado para garantir a segurança e os direitos de todas as partes envolvidas.