A mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) lançou luz sobre as razões por trás da escolha de não se vacinar contra a Covid-19 entre os brasileiros. Até o primeiro trimestre de 2023, aproximadamente 11,2 milhões de indivíduos com 5 anos ou mais permaneciam sem nenhuma dose do imunizante. A pesquisa, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em colaboração com o Ministério da Saúde, revela um panorama detalhado das motivações por trás dessa decisão.
Segundo o levantamento, uma série de fatores influenciam a decisão de não se imunizar. Esses incluem crenças pessoais, temores em relação a reações adversas, ou mesmo orientações de profissionais de saúde. O dado mais alarmante revelado pela PNAD é que a perda salarial acumulada é de 35,75%, tornando-se o ponto central da discussão.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) considera indivíduos vacinados aqueles que completaram o esquema primário de duas doses do imunizante contra a Covid-19. No entanto, apenas 58,6% da população alcançou essa marca, de acordo com os dados da PNAD. Uma meta crítica estabelecida pelo PNI é vacinar 90% da população para manter a circulação do vírus sob controle.
Entre os adultos entrevistados, a principal razão citada para não se vacinarem foi a falta de confiança ou crença nos imunizantes (36%), seguida pelo medo de reações adversas ou da injeção (27,8%) e pela crença na imunidade adquirida naturalmente ou após a infecção pela Covid-19 (26,7%).
Para os mais jovens, entre 5 e 17 anos, o medo de reações adversas ou da injeção foi a razão mais citada (39,4%), seguida pela crença na imunidade ou experiência prévia com a Covid-19 (21,7%) e pela desconfiança nos imunizantes (16,9%).
Dos 11,2 milhões de pessoas não vacinadas, cerca de 5,7 milhões eram crianças ou adolescentes, enquanto 5,5 milhões eram adultos. Proporcionalmente, o grupo mais jovem foi o que teve uma proporção maior de não vacinados, com 14,8% do total. Em contrapartida, entre os adultos, apenas 3,4% permaneciam sem nenhuma dose do imunizante.
Embora uma parcela significativa da população tenha completado o esquema vacinal, os pesquisadores também observaram que alguns indivíduos que receberam a primeira dose não retornaram para completar a imunização. O principal motivo citado foi o esquecimento ou a falta de tempo (29,2%), seguido pela desconfiança na vacina ou a crença de que duas doses seriam suficientes (25,5%).
Esses dados refletem a complexidade das questões que envolvem a vacinação contra a Covid-19 no Brasil, destacando a importância de campanhas educativas e estratégias eficazes para garantir uma cobertura vacinal abrangente e a proteção de toda a população.