A recente aliança entre Jair Bolsonaro (PL) e o PSDB em Mato Grosso do Sul provocou uma divisão significativa entre ex-ministros do governo Bolsonaro. O apoio do PL à candidatura do PSDB na capital do estado resultou na ruptura de uma aliança previamente acordada com o PP, liderada pela senadora Tereza Cristina (PP-MS).
A articulação foi conduzida pelo senador Rogério Marinho (PL-RN) e confirmada em uma reunião com Bolsonaro e líderes do PSDB. A negociação também envolveu o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, durante a ausência de Tereza Cristina, que estava em uma missão oficial nos Estados Unidos.
Quebra de Acordo e Reações
Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura, havia assegurado anteriormente o apoio do PL à reeleição da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP). No entanto, ao retornar ao Brasil, foi informada da nova aliança entre o PL e o PSDB. A senadora e o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), manifestaram sua insatisfação a Bolsonaro, ressaltando que o pré-candidato do PSDB, deputado federal Beto Pereira, havia apoiado Simone Tebet (MDB) contra Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022.
Apesar das objeções, Tereza Cristina e Ciro Nogueira saíram da reunião convencidos de que a nova aliança era definitiva. Tereza Cristina afirmou: “Tínhamos um acordo muito avançado para ser fechado. O PL não quis fechar. Fechou com o PSDB. Ótimo. Continuamos com a prefeita. Ponto. E vamos ganhar a eleição”.
Implicações Políticas
Ciro Nogueira confirmou que a negociação foi liderada por Marinho, mas afirmou que não pretende discutir o assunto com ele. Nas redes sociais, Nogueira tentou mostrar unidade, destacando seu apoio a Bolsonaro.
Reinaldo Azambuja, presidente estadual do PSDB e ex-governador, relatou ter sido procurado por Marinho para abrir um canal de diálogo em Mato Grosso do Sul. A reunião em Brasília, no final de junho, resultou em um acordo para aliança em Campo Grande e a substituição do presidente estadual do PL, Marcos Pollon, por Aparecido Portela, suplente de Tereza Cristina.
Pollon expressou sua insatisfação nas redes sociais, lamentando a aliança com o PSDB, partido que ele se recusava a apoiar.
Histórico de Rupturas
Esta não é a primeira vez que Bolsonaro rompe um acordo em Mato Grosso do Sul. Em 2022, ele desfez, ao vivo, uma aliança com Eduardo Riedel (PSDB) e declarou seu apoio a Capitão Contar (PRTB).
Azambuja afirmou que há uma forte sintonia entre os eleitores bolsonaristas e tucanos no estado, onde o PSDB governa 51 dos 79 municípios.
Desdobramentos Futuros
Aliados de Tereza Cristina destacam que a aliança entre o PL e o PSDB é desconfortável, especialmente considerando que Bolsonaro apoiou um adversário de Riedel em 2022. Marinho, que se afastou do Senado para se dedicar às eleições municipais, não comentou a situação até a publicação desta matéria.
A aliança em Mato Grosso do Sul representa um desafio significativo para a coesão entre os apoiadores de Bolsonaro e pode influenciar as eleições municipais e estaduais futuras.