Contexto e Operação Policial
O desembargador Ivo de Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), está sob investigação por suspeitas de corrupção, incluindo venda de sentenças e práticas de “rachadinha”. A Polícia Federal (PF) encontrou evidências contundentes que incluem depósitos em espécie, diálogos sobre propina e transferências bancárias suspeitas. A operação, denominada Churrascada, foi deflagrada na última quinta-feira (20/6) por ordem do ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O magistrado foi afastado de suas funções por um ano.
Depósitos e Transferências Suspeitas
Investigações revelaram depósitos em espécie de R$ 641 mil na conta de Ivo de Almeida. Além disso, foram identificados pagamentos em dinheiro para uma empresa do filho do desembargador, Ivo de Almeida Junior. A PF encontrou transferências mensais de servidores para as contas do magistrado, incluindo um servidor que transferiu R$ 33 mil e uma servidora que enviou R$ 15 mil.
Conversas e Códigos
Mensagens interceptadas pela PF mostram diálogos entre advogados e intermediários do desembargador discutindo propinas. O termo “churrasco” era usado como código para plantões judiciários onde decisões favoráveis poderiam ser compradas. Em um exemplo, Valmi Lacerda Sampaio, falecido em 2019, mencionava churrascos a Wellington Pires para despachar pedidos diretamente ao desembargador.
Intermediários e Negociações
Após a morte de Valmi, Wilson Vital Menezes Junior tornou-se o principal intermediário de Ivo de Almeida. Mensagens revelam negociações de propinas para decisões judiciais favoráveis, como no caso de Adormevil Vieira Santana, condenado a 7 anos por roubo e estelionato. Em outro caso, a PF identificou tratativas envolvendo propinas de R$ 1 milhão para beneficiar o traficante Romilton Queiroz Hosi.
Rachadinha e Envolvimento Familiar
A PF e a Procuradoria-Geral da República (PGR) identificaram indícios de “rachadinha” no gabinete de Ivo de Almeida. Depósitos de R$ 65 mil foram feitos na conta da incorporadora do filho do desembargador no mesmo dia em que Luiz Pires moveu uma petição ao gabinete de Ivo de Almeida. A empresa do filho do magistrado também vendeu um apartamento à esposa de Valmi Sampaio, apontado como operador de propinas.
Conclusão
As investigações contra Ivo de Almeida são robustas, com evidências claras de corrupção e envolvimento de familiares no esquema. O afastamento do magistrado e as ações da PF sublinham a gravidade das acusações e a necessidade de uma resposta rigorosa do sistema judiciário para garantir a integridade do serviço público e a confiança na justiça.